segunda-feira, 30 de março de 2009


'É fácil acreditar no que não se vê mas que está de acordo com suas convicções. Difícil seria deixar as paixões adormecidas e analisar o mundo com o viés daquele crítico mais cético - não o crítico cético vitrine 24h, mas o ponderado e por que não de maior habilidade?!
Pode haver muito além das impressões, dos indícios, do arco-íris lá longe no horizonte. Verbos como achar “eu acho que…” a princípio tão inocentes quanto comuns, podem ser devastadores ao representarem ‘certezas’ e, principalmente, ao chegarem em alguns ouvidos.
Cada vez mais os pensamentos, o desequilíbrio, convicções enviesadas se convertem em atos impulsivos. É hora de a candura tematizar os achismos (por que teimar que o azul-turquesa é de fato verde?) e de se ter certezas centradas na razão.
Dá vontade de segurar a mão e, simples assim, ficar em plenitude. De decorar cada gesto na tentativa de desvendar cada palavra. Ver a infinidade de minutos, segundos transformada em décadas de companheirismo, comemorações, complementação e outros ‘coms’.
A composição mais simples se faz da união de dois, em perceber que só há poesia no cinema quando a cadeira ao lado está preenchida e desse lado vem o cheiro que também está no travesseiro.
Coraçõezinhos desenhados nos cadernos, livros, no ladinho do braço, no coração - no próprio. As músicas que carregam a magia de tornar presente o passado, presente. O calendário em que pelo menos um dia do mês guarda tanto em si para dois. É quando o que pode parecer lugar-comum é, na verdade, lar.'


Karla Medeiros.

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