domingo, 10 de outubro de 2010

Uma linguagem em teu rosto.


Sentamos de frente um pro outro e nos abraçamos. Cabeças apoiadas nos ombros, pontas dos dedos percorrendo suavemente as costas, ouvia tua voz baixinha, cantando quase invisível na intenção de que eu adormecesse...
Nunca soube descrever a sensação de tocar tua pele com parte das maçãs do meu rosto.Tão fina, tão delicada, tão minha. Você me envolvia em teu abraço de modo que a única vontade que brotava do meu coração fosse a de permanecer ali por toda vida, e eu realmente poderia fazê-lo, acredite.
Devo confessar-lhe uma coisa: Depois que nos deitamos não resisti em simular já ter caído em sonhos por saber que você não ficaria tranquilo enquanto não ouvisse minha respiração forte. Desculpe-me, mas era a única forma de te assistir. Tirei tuas asas cuidadosamente, guardei-as dentro do guarda-roupas e em sequência sentei-me bem perto, acariciando a face mais angelical que era capaz de desenhar na imaginação naquele momento. Eu não entendia de onde vinha tanta beleza.
Deitei-me, ainda observando a frequência da tua respiração e o sutil sorriso no canto do lábio direito. Inconscientemente, você debruçou-se sobre meu colo, deixando que a ponta do nariz tocasse minha clavícula e movida pelo deslumbramento te segurei forte, mantendo-o a salvo de qualquer coisa que ousasse chegar por perto. Tua paz pesou minhas pálpebras, me trazendo pouco tempo depois o repouso absoluto.


Tinha horário certo para ir embora, então levantei-me mais cedo do que o de costume, preparei tua primeira refeição e deixei-asobre a escrivaninha do teu quarto, acompanhada de uma gérbera branca e um bilhete que dizia:
" Que seja doce."

E será.


2 comentários:

camila souza. disse...

sejamos doce!

Vinícius Paes disse...

Tem beleza. Pudor em demasia. É sutil.