quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Dupla.


Outro dia cinza, desta vez visto pela janela de uma Maria Fumaça qualquer. Uma xícara de café numa mão, um mundo de perguntas noutra...Fotografias rebocadas, mente conturbada por ignorância. Voltar no tempo só de olhos fechados, com uma, duas, três lágrimas no canto.

Certas cartas deveriam ser envolvidas por uma das sete garrafas de energético que a mantinham de pé e lançadas por aquela janela, tinha plena consciência disso. Na verdade já havia se desfeito da maioria, o único problema eram as marcas. O único maldito problema era a marca que havia sido deixada, o único maldito problema era que todas as dores se direcionavam "prali", ainda que fossem de assuntos aleatórios. As explicações cabíveis eram a repressão que a acompanhava durante a vida e o corrompimento final. Eu vi que aqueles olhos lutavam contra sua essência intoxicada, numa jornada eterna: Ora pupilas extremamente diáfanas, ora além das mesmas ficarem foscas era possível notar suas sobrancelhas trancadas, num ar de tensão.

Uma vez confessou-me que já não sabia mais o que fazer, também pelo fato de sua história ser muito complexa. Disse que nunca gostou de guardar mágoas, mas sempre manteve todos aqueles papéis amassados numa gaveta. Não que tivesse a intenção de relê-los algum dia, mas eram suas velharias, seu passado, sua vida.

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