quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ilegível.

Hoje não quero nada, nem amanhã. Queria ser minha, queria desfazer o nó que me trava a garganta com as próprias mãos, queria me organizar... É como se as folhas da sua árvore começassem a cair por causa do outono e surgisse uma enorme tempestade pra derrubá-las de uma só vez. Como seria se a pessoa que você mais confiasse no mundo fosse embora? Ainda que apoie muito, pelos ótimos motivos, como seria saber que aquele abraço tão acolhedor não estaria mais ali a qualquer momento? Bem na fase em que as duas pessoas mais importantes da sua vida vão mal de saúde, quando o peso de não ter passado em uma federal vem à tona por causa do preço absurdo que é a faculdade em que você estuda, quando você nem age mais de uma forma no seu relacionamento e isso é sempre lembrado...Quando você não sabe ao menos se abrir olhando nos olhos de alguém...

Desaprendi tanto do que não queria ao longo do tempo, cresci com medo e permaneço. Não é legal sempre ouvir críticas sobre uma forma de agir que a gente nem faz mais e mesmo assim, quando o assunto é tocado, dá a entender que ainda continuamos fazendo... Seria bom que aprendesse a lembrar de quanta coisa boa eu digo, de quanto elogio eu faço.
Tem horas que relacionamento faz com que eu me sinta a pior das criaturas e acaba que ''sempre'' saio como a que realmente era a errada só pelo fato de não ser afetuosamente persuasiva.

A verdade é que eu quis chorar o dia inteiro e segurei. Agora sinto o sal das lágrimas me ardendo o rosto. O que menos precisava era sermão, cobrança e pra notar isso não era necessário muito.
''Deixa o silêncio nascer em todos os meus olhos. Água a se deitar nos poros. Dia escorrendo pelas entranhas feito sangue pra que eu toda possa chover como se chove nestes dias como se morre devagar e intenso, em cores e artefatos. Papéis de saudade pequena e fria ou o avesso do que é dor. O que te comove? O que devolve o silêncio aos meus olhos? Estes rasbiscos frágeis e escorregadios, esses pedaços e esse pouco? Nem grito, nem solidão, como somente a superfície áspera da dor pode ser. Tua mão e teus passos em todo quarto, no corredor e minhas loucuras todas assinadas em vermelho. Carne pulsante ou versão sem cortes? Nem é um filme antigo, sempre leio as legendas e as entrelinhas que não me cegam. Será que ouço mais do que queria? Vejo mais do que podia? Ou todo esse rasgo é apenas drama? Novelas, novelas... Rosas teatrais quem sabe!Talvez este grito fundo seja todo pra dentro.''


A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d'água, bebida. A Vida é líquida.

(Hilda Hilst)


Tem hora que a gente ganha mais ficando calado.
Se estiver afetado pela sensibilidade, aí é que é
ganha mais mesmo.

Um comentário:

Luiza de Oliveira disse...

Você sabe que sempre vai ter a mim, né? Tudo que eu queria fazer quando você ta tristinha, era te dar um abraço e te emprestar meu ombro p'ra chorar o tanto quanto você precisasse. A Pimentinha aqui vai ter sempre todo tempo do mundo p'ra Azeda, não importa quando, onde e nem porquê. Queria poder fazer alguma coisa...