quarta-feira, 29 de abril de 2009

E não é expontânea, é gradativa e torturosa a forma na qual a ficha vai caindo. Lentamente corroendo, perfurando. Fixe bem suas pupilas dilatadas e poderá assistir a profunda fenda se abrir no órgão, o sangue seguindo em fila, formando desenhos. Desenhos de desespero. Ela ainda podia ouvir do lado de fora uma voz infantil suplicar :_ Peça à ela para acordar mamãe! Tire-a daí! Não está vendo que estão a machucando?!
Mas tal voz sumira levando consigo sua segurança e a única coisa que ela precisava era acordar daquele pesadelo.Tarde demais. Seus atos premeditados fizeram-na cair bem no centro da própria armadilha e não havia Deus que a ouvisse naquele momento, não mais. O relógio de teto, em cima da cama que se encontrava, rangia bruscamente com cada sonoro, devagar quase parando, quase girando ao contrário, somente pelo desejo que ela tinha ali, tão dopada, de voltar atráse ter tido um pouco mais de cuidado.

Um comentário:

N.M. disse...

você escreve bem, garota!

Bjos, Nanys!