terça-feira, 28 de abril de 2009

Take care.

E não é expontânea, é gradativa e torturosa a forma na qual a ficha vai caindo. Lentamente corroendo, perfurando. Fixe bem suas pupilas dilatadas e poderá assistir a profunda fenda se abrir no órgão, o sangue seguindo em fila, formando desenhos. Desenhos de desespero. Ela ainda podia ouvir do lado de fora uma voz infantil suplicar : _ 'Peça à ela para acordar mamãe! Tire-a daí! Não está vendo que estão a machucando?!' Mas tal voz sumira levando consigo sua segurança e a única coisa que ela precisava era acordar daquele pesadelo.Tarde demais. Seus atos premeditados fizeram-na cair bem no centro da própria armadilha e não havia Deus que a ouvisse naquele momento, não mais. O relógio de teto, em cima da mesa de cirurgia na qual se encontrava, rangia bruscamente com cada sonoro, devagar quase parando, quase girando ao contrário, somente pelo desejo que ela tinha ali, tão dopada, de voltar atrás e ter tido um pouco mais de cuidado. Teria então, ouvido os soluços daquela que ela apelidava com os mais carinhosos substantivos: _''Por que choras meu anjo..?''- disse ela com tom de preocupação
_'' Te vejo descendo cada pedra do poço e não consigo trazê-la à borda, desse jeito você vai acabar se afogando naquele líquido corrosivo e eu queria poder fazer algo.'' - respondi

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